Arrepio
As mãos suadas As pernas trêmulas O chão se abrindo E as horas todas sumindo Só para te ver passar... Difícil é não notar Que o sol se põe No dourado de seus cabelos E a Lua se revela Em seu olhar Que seduz Me induz Enfeitiça Atiça Me faz versos declamar. Você passa por mim E ri graciosamente Tudo a minha volta desaparece No peito o coração parece que cresce A boca seca, o corpo umedece, Meus pelos arrepiam Meu corpo padece... E dentro de mim Uma revolução acontece, O desejo quer agarrar teu braço Te puxar no laço Te trazer pra mim A razão diz pra ir com jeito Por que se não te pegar de jeito Será o meu fim. As palavras tumultuam Se embaralham Se atropelam E eu fico estática Só o nervoso e insegurança se revelam. Gostar de alguém É quase um suicídio Há sempre um preço a se pagar O tempo se torna subsídio. Você tenta não se entregar Mas que bobagem isso tentar Quando você é o que em mim lateja E eu boba, entrego meu coração De bandeja Esperando você vir a me amar Mas eis que o desejo Naufraga E a vontade me afaga Tudo vira mar. Difícil é ter que calar Algo assim tão imenso Feito para te dar Sucumbir ao desejo Resistir ao que vejo Não te puxar pra mim e te beijar Mesmo que depois disso Tu venhas a me estapear... Ah, menina! Você é daquelas certezas Que temos assim que cruzamos com alguma coisa E que tal coisa te obstina. É o arrepio gostoso Que dá na gente O desejo na pele bem rente Que me faz querer deixar de ser eu Pra ser "a gente" Unidas Munidas Nós... Pois atrelada a ti quero estar. Ah! Gostar de alguém é suicídio E quem nesse mundo Não já morreu de amor? E cada amanhecer Sentir-se como num ressuscitar E ver na pessoa ao lado Prestes a acordar Abrir um sorriso E nos seu braços Fazer abrigo E no teu corpo morar Sentir em cada canto Teu toque me arrepiar E como por encanto Minha alma despertar.